DEFESA DO CONSUMIDOR

 

Automóvel “globalizado” fica sem peças de reposição!

 

Compradores de modelo da Renault ficam com veículos no conserto indefinidamente por falta de peças, e se juntam na internet para reclamar.

Todo fabricante e importador deve assegurar a oferta de componentes e peças de reposição de produtos disponíveis no mercado brasileiro. Essa garantia expressa, assegurada pelo artigo 32 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), fica sob risco quando o produto em questão é um automóvel, com centenas de peças e componentes fabricadas por diversos fornecedores, de países diferentes. Nem essa característica da indústria automotiva a exime de cumprir essa obrigação, mas, a julgar pelo acúmulo de ações na Justiça, várias empresas vêm falhando – milhares de consumidores buscam nos tribunais o cumprimento desse direito ou a reparação, via pedido de indenização.

A obrigação se estende também aos produtos que deixaram de ser importados ou fabricados, que devem ter peças disponíveis por período razoável de tempo. Mas mesmo quem comprou carro novo, zero quilômetro, pode se deparar com a falta de peças de reposição. O professor de Engenharia Heitor Silvério Lopes comprou um veículo Duster, da Renault, em novembro de 2011. Ele conta que, após três meses de uso, com 2,8 mil quilômetros rodados, o carro apresentou uma falha mecânica que levou à destruição do cabeçote do motor.

O carro foi deixado da oficina no fim de janeiro, mas não foi consertado, sob a alegação de falta de peças para o modelo. “Três das peças necessárias para o conserto não existiam no depósito da Renault, que fica em Curitiba, e uma delas nem sequer tinha código para ser solicitada”, diz Lopes.

Diante da demora em resolver o problema, ele registrou dois protocolos no SAC da empresa. Segundo ele, ao completar um mês de carro parado na concessionária, um representante da Renault ligou informando que as peças seriam importadas e o prazo previsto para a conclusão do serviço era o fim de maio – quatro meses após a entrada do carro na concessionária. “Paguei o carro à vista, R$ 65,5 mil, e agora tenho de andar de ônibus por causa de um problema que não provoquei”, reclama Lopes.

Responsabilidade

Diante da falta de solução para o problema do carro, o consumidor diz que optou por desfazer o negócio, o que levou a um jogo de empurra. “A Renault disse que a questão deveria ser resolvida com a concessionária, que por sua vez devolveu a questão para a fabricante”, alega. Lopes diz que a Renault chegou a oferecer um acordo para devolução do dinheiro. “O documento, entretanto, não reconhece a falha do veículo, não estabelece prazos para a devolução do dinheiro e não prevê a correção monetária do valor pago no carro”, diz.

No site Reclame Aqui, outros consumidores também registram problemas de falta de peças de reposição do Duster. Um consumidor de São Bernardo do Campo (SP), por exemplo, relata que seu carro, com apenas 1,4 mil quilômetros rodados, ficou duas semanas na oficina por falta de peças. No Facebook, consumidores criaram um grupo para discutir o mesmo problema. 

Prazos

Conserto de veículos não pode passar de 30 dias, diz Procon-PR

A coordenadora do Procon-PR, Claudia Silvano, explica que, além da obrigação de manter peças de reposição em estoque, o prazo máximo para conserto de um veículo deixado na oficina é de 30 dias. “O descumprimento desse prazo dá ao consumidor o direito de optar, a seu critério, pela troca do carro ou pelo desfazimento do negócio, com restituição do valor pago, devidamente corrigido”, diz.

Procurada para se posicionar sobre o episódio, a Renault informou que ofereceu toda a assistência, inclusive um veículo reserva ao cliente. “O problema técnico foi resolvido e o veículo encontra-se à disposição do cliente”, disse a montadora por meio de nota.

Oficina troca mangueira da Duster sem avisar cliente

A montadora Renault estaria promovendo um “recall branco” do modelo Duster, fazendo a substituição de uma peça com defeito durante as revisões de rotina, sem dar conhecimento do caso aos clientes.

Pedindo para não ser identificado, o chefe de oficina de uma concessionária da Renault em Curitiba confirmou que os veículos do modelo estão apresentando dilatação da mangueira da direção hidráulica, o que resulta na trepidação anormal do volante durante manobras ou curvas mais fechadas. Segundo ele, a oficina já fez o reparo de “mais de meia dúzia” de veículos com esse problema. “Não vai ter recall. Quando o cliente traz o carro conferimos se o carro apresenta o problema e, em caso positivo, agendamos a troca da mangueira”, afirma.

O supervisor de pós-vendas da Globo Renault, Gilberto Alecrim, confirma o defeito de fabricação no veículo. Segundo ele, a montadora tem ciência do problema. “Tanto que já forneceu a mangueira para fazer a substituição”, afirma. O gerente garante que o problema não oferece riscos ao condutor e passageiros, mas que todos os veículos do modelo que passam pela oficina são avaliados. “Gera um desconforto, mas não há risco de rompimento da mangueira ou acidentes”, afirma.

Obrigação

Para a coordenadora do Procon-PR, Cláudia Silvano, o fabricante tem obrigação de convocar um recall assim que for detectado qualquer problema ou defeito de fabricação em um produto. “Deixar de fazê-lo pode configurar infração penal”, avalia.

Segundo ela, o “recall branco” é uma forma de as empresas evitarem os custos envolvidos com a divulgação do recall e para minimizar os eventuais danos à imagem da empresa.

Em nota, a Renault reconheceu a necessidade de substituição da peça, mas garantiu que o problema não envolve qualquer risco associado à segurança do motorista. “A Renault busca constantemente a satisfação de seus clientes. Por esta razão, foram substituídas algumas unidades da mangueira da direção hidráulica que, em determinadas situações, poderiam gerar desconforto ao cliente”, afirmou.

http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?id=1242279&tit=Automovel-globalizado-fica-sem-pecas-de-reposicao

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